PESSOAS | Inhumense, Jesiel Viana, vira capa de matéria no jornal espanhol El País

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O jornal de 01/09, editada por Naiara Galarraga, destacou na edição que dois terços da primeira geração de crianças ajudadas pelo programa de combate à pobreza do Brasil – Bolsa Família – prosperaram e metade conseguiu emprego formal.

Traduzindo a matéria espanhola, o jornal descreveu, a história dos quatro participantes e destacou a história do engenheiro de software, Jesiel Viana:

“Jesiel Viana é um engenheiro de software brasileiro de 34 anos que não tem fotos de sua infância. Naquela época não havia celular, sua família era muito pobre e tudo ficava longe. Cresceu em Inhuma (Piauí), pequena cidade do interior do Brasil mais árido e carente. 

A eletricidade só chegou neste século, quando ele tinha 15 anos. Filho de agricultores – mãe que sabe ler e escrever e pai analfabeto – Viana pertence à primeira geração de crianças do Bolsa Família. […]

Ele cresceu longe de quase tudo, com quase nada em uma cidade agrícola.

Aos 11 anos, o menino que se tornou programador de software trabalhava na terra e viajava 30 quilômetros todas as noites para ir às aulas. O mais velho dos três, aos 12 anos teve sua primeira calça comprida – jeans. Comiam carne no máximo uma vez por semana ou quando caçavam algum animal selvagem. O Bolsa Família, que sua mãe recebeu por mais de uma década, foi essencial porque mesmo assim houve muitas dificuldades.

“Vivíamos com o mínimo, meus pais não gastavam nada, são evangélicos”.

Aos 18 anos, Viana mudou-se para outra galáxia, para Brasília, para a casa do tio. Lá ele viu o primeiro computador de sua vida. Ele trabalhou em um posto de gasolina para economizar dinheiro antes de ir para a faculdade com bolsa de estudos. Ele lembra que se matriculou em ciência da computação porque “o custo do material era zero.” No começo fiquei muito perdido.

“Nem entendi os conceitos mais básicos, mas tive vergonha de perguntar”, mas sempre teve a convicção de que iria conseguir e uma enorme confiança em si mesmo. Depois de ganhar muito bem por alguns anos na capital como engenheiro de computação, quis voltar para casa, para o Piauí, um dos
Estados onde mais famílias recebem Bolsa Família. Ele se inscreveu no exame e conseguiu um cargo de professor em um instituto federal onde os alunos acham que ele está brincando quando conta que cresceu perto de casa com enormes dificuldades. Sem luz, computador ou fotos.

As deficiências persistem. Às vezes um aluno é levado para casa para almoçar com a família porque senão ficaria sem comer.”

Veja a matéria na integra em https://elpais.com/america/2024-09-01/gracias-a-bolsa-familia-menos-hijos-heredan-la-miseria-en-brasil.html

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