HISTÓRIAS E LUTAS: Exibido, no auditório do JDC, o filme “Uma mulher chamada Esperança”, retratando a história da escrava Esperança Garcia, 1ª Advogada Piauiense

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Esperança Garcia foi uma escravizada que aprendeu a ler e escrever com padres Jesuítas. Quando esses foram expulsos para Portugal, ela é obrigada a deixar o marido e vai ser cozinheira na fazenda Poções, administrada pelo Capitão Antônio Vieira, onde sofre muitos abusos e maus tratos, motivando-a a escrever uma carta ao governo da Província de São José do Piauí, pedindo por ela, seus filhos e suas amigas escravizadas. Carta essa que levou a OAB-PI a elevá-la à primeira mulher advogada piauiense, em 2017.

O filme retrata, com bastante riqueza de detalhe, a escravidão, as humilhações, autoritarismo e os sofrimentos vividos pela população negra do século XVIII, entre os anos de 1760 e 1770, nas proximidades de Oeiras, antiga capital do Piauí. Dedicado ao ativista cultural, saudoso ator Sávio Barão, falecido em abril deste ano e símbolo da cultura negra picoense, o filme histórico, dirigido pelo escritor e cineasta Flávio Guedes, foi exibido na noite desta sexta (17), no auditório do CEEP João de Deus Carvalho, com a presença da atriz Ruthe Barão, que interpretou a escrava Esperança, e apoio da Prefeitura Municipal de Inhuma, além de autoridades municipais e convidados.

“A força dessa mulher, por ter passado por isso e ter escrito, mesmo sendo algo tão singular (escrever uma carta) têm um valor histórico e cultural enorme para nós nos tempos de hoje. Ela vai contra o sistema, denuncia atos não só por ela, mas por todos ao seu redor. É uma mulher fantástica que todos os piauienses e brasileiros deveriam conhecer. Foi uma honra muito grande puder ter interpretado este papel. Muito obrigado a todos”, finalizou agradecida Ruthe Barão, cantando a música de Clara Nunes “Canto das três raças”.

O filme trouxe, com bastante força, as matrizes culturais africanas e suas influências na cultura brasileira. Os cenários escolhidos para as gravações se localizavam na região de Picos, entre eles a sede do Museu Neno (do Homem Rural Nordestino), situado no povoado Lagoa Grande (zona rural de Bocaina-PI), e a casa do político piauiense Coelho Rodrigues. Ao final da exibição, ocorreu um momento de debate de opiniões bastante emocionante entre os telespectadores, ancorado pela ativista cultural Marli Veloso (ao lado de Lucélia, chefe do departamento de Cultura de Inhuma, na foto da capa).

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